Outubro de 2016, Paris, Cemitério Père Lachaise, túmulo de Allan Kardec. Um guia italiano muito elegante e, pela maneira como se expressa, aparentemente muito culto, acompanha um grupo de turistas italianos àquele cemitério em que jazem muitas celebridades e que, por isso, é um dos pontos turísticos de Paris, narra a história de Kardec e da Doutrina Espírita e encerra dizendo que aquele túmulo é muito visitado por brasileiros e que o Brasil é o país do mundo em que a doutrina tem mais seguidores. No momento em que ouvi essas afirmações, foi impossível não pensar – “É verdade!” – e não me lembrar do título e do conteúdo de um dos mais importantes livros psicografados por Chico Xavier, ditado pelo espírito de Humberto de Campos: Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho.
Trata-se de uma obra impressionante e maravilhosa, que mostra como cada período da História do Brasil, desde seu “achamento” até a atualidade, com seus feitos protagonizados por espíritos de luz que aqui estiveram para alavancarem a evolução do país, foi uma sequência preparatória para tornar o Brasil o coração do mundo, a pátria do Evangelho, como foi determinado pelo nosso Irmão, Mestre e Guardião da Terra: Jesus!
É claro que não iremos contar ou comentar esses episódios, ao contrário, o intuito deste artigo é justamente convidar à leitura do livro, que é imprescindível a qualquer brasileiro.
Apoiados por uma equipe espiritual liderada por Ismael, além dos índios que aqui já habitavam, preparam o país para que ele se tornasse a pátria do Evangelho e o coração do mundo espíritos de degredados, de negros escravos, de missionários como José de Anchieta (que sobreviveu a um naufrágio para cumprir sua tarefa) e Manuel da Nóbrega, dos governadores gerais e donatários, de Maurício de Nassau, de nativistas, do importantíssimo Tiradentes, dentre outros. Numa impecável aula de História dada pelo espírito de Humberto de Campos alicerçada pela espiritualidade magnânima de Chico Xavier, a obra mostra como divisora de águas a chegada da família real portuguesa ao país em 1808, que, burlando o poderoso e vencedor Napoleão Bonaparte, consegue fugir de Portugal escoltada pela Inglaterra. Ao chegar ao Brasil, o vice-rei de Portugal, Dom João VI, toma uma série de medidas que vão mudar o destino do país, em especial em sua mudança de colônia para reino unido, na abertura dos portos às nações amigas e em todas as iniciativas voltadas á Educação, à Arte, à Cultura que transformam o Brasil na nova corte portuguesa. Seguidos principalmente dos espíritos de Dom Pedro I, de Dona Leopoldina e de José Bonifácio, que possibilitam mais um episódio de evolução – a Independência do Brasil -, a atuação da família real portuguesa atinge seu clímax com a atuação de Dom Pedro II e da Princesa Isabel e com a abolição dos escravos e com a proclamação da república.
Dentre todos esses espíritos, destaca-se aquele cuja atuação enche o Brasil de muita luz, fazendo com que o país vivesse um de seus períodos áureos: Dom Pedro II.
Proclamada a Independência do Brasil, Ismael leva a Jesus uma retrospectiva de tudo que ocorreu no país e lhe expõe a necessidade de organização política e social da Pátria do Evangelho. Jesus designa o espírito de Longinus para reencarnar no Brasil e ter como missão realizar um governo que resultasse em progresso – inclusive moral – acompanhado de justiça em especial aos menos favorecidos: “Ampara os fracos e os desvalidos, corrige as leis despóticas e inaugura um novo período de progresso moral para o povo das terras do Cruzeiro” (página 79), determina o Mestre seguindo com outras orientações. No dia 2 de dezembro de 1825, Longinus reencarna como filho de Dona Leopoldina e herdeiro do império de D. Pedro I: Dom Pedro de Alcântara, que tem apenas 6 anos quando seu pai deixou o Brasil para disputar a vaga de rei de Portugal. Como o herdeiro não pode ainda governar, o Brasil, passa por um período de 3 Regências até que a maturidade de Pedro de Alcântara é antecipada e ele, com apenas 15 anos em 1840, mas já considerado maduro em vários aspectos, começa a governar o país e se torna Dom Pedro !I, iniciando o Segundo Reinado.
Muito culto e muito bem preparado para governar a Pátria do Evangelho, Dom Pedro II foi um verdadeiro mecenas das Artes, das Letras e das Ciências, trouxe ao país tudo que era considerado avanço em nações de primeiro mundo. Quando inicia seu governo, 92% da população brasileira é analfabeta e, em seu último ano de reinado, em 1889, essa porcentagem é de 56%, devido ao seu grande incentivo à Educação, à construção de Faculdades e principalmente de inúmeras Escolas. Poliglota (fluência em 17 idiomas), filósofo, visionário, D. Pedro II é tido como uma pessoa muito simples,. bondosa e generosa. Todos os seus grandes feitos trazem um progresso tal que seu reinado é considerado um dos períodos mais prósperos, mais iluminados da História do Brasil. Esse período de 58 anos de reinado e seus feitos pode ser encontrado nos bons livros sobre o assunto. Apesar de enfrentar provas como a Guerra do Paraguai e de travar uma luta com os senhores do café em seu desejo de libertar os escravos, seu império culmina com a concretização da abolição e com a proclamação da república, que representam a maioridade coletiva da Pátria do Evangelho,
É no contexto do Segundo Império Brasileiro que, na França, Allan Kardec codifica a Doutrina Espírita. Fora da Europa, no entanto, é que o Espiritismo conquista grande número de estudiosos e de adeptos, como, por exemplo, nos Estados Unidos (Hydesville, Irmãs Fox). Enquanto na Europa a ideia espiritualista é somente objeto de observações e de pesquisas nos laboratórios, ou em meio a discussões estéreis no terreno da Filosofia, o Espiritismo penetra o Brasil com todas as suas características de Cristianismo redivivo, levantando as almas para uma nova alvorada de fé. Aí, todas as suas instituições se alicerçavam no amor e na caridade.
Já em 1840, na Bahia, com a publicação de matérias traduzidas diretamente da obra de Kardec, graças à liberdade de imprensa existente no governo de Pedro II, homeopatas, cientistas, filósofos, etc, estudam a doutrina Espírita, e formam os primeiros grupos e as primeiras instituições que passam a difundi-la e a angariar seguidores, o que não para de acontecer num crescendo até a atualidade. A História do Espiritismo no Brasil também pode ser conhecida mediante a leitura de obras sobre o assunto e por meio de ferramentas de pesquisas na Internet.
Como ocorre na Europa e nos Estados Unidos, os espíritas são, de início, tachados como loucos, como ocultistas, como perigosos e com outros adjetivos equivocados por causa da ignorância acerca da doutrina desde e para sempre. Por isso, a ideia é fechar as instituições espíritas, perseguir e proibir os espíritas, não permitindo que divulguem a doutrina, prendê-los se necessário. O primeiro grande feito de Dom Pedro II – Longinus em relação ao Espiritismo durante todo o seu governo é garantir o funcionamento das instituições e a liberdade de expressão e de culto da doutrina aos espíritas.
Segundo a Equipe Pedro II do Brasil em © https://www.facebook.com/PedroIIBrasil/, Dom Pedro II passa a ter contato direto com Allan Kardec e com o Dr. Sigmund Freud quando seu neto Pedro Augusto, vítima de esquizofrenia/ de obsessão, é tratado por ambos, o que faz com que Dom Pedro tenha laços de profunda amizade com os dois “gênios”. Os resultados são excelentes, deixando Pedro Augusto sem nenhum surto por anos.
Expulsos do Brasil no dia seguinte à Proclamação da República, Dom Pedro Ii e toda a sua família têm que deixar imediatamente o país que tanto amam e com a roupa do corpo. Questionado por muitos poderosos se queria realizar um contra ataque à proclamação da república, considerada por muitos um verdadeiro golpe de estado, Dom Pedro respondeu incisivamente que não, que não permitiria que fosse derramada uma gota de sangue, em especial da população brasileira. Numa atitude de humildade, de resignação e de passividade, Dom Pedro se retirou como ordenado. Ainda próximo à Baía de Guanabara, iniciando a viagem de navio rumo ao exílio em Portugal, seu neto e grande amigo Pedro Augusto que já sofria de esquizofrenia e tinha melhorado bastante graças aos tratamentos do Dr. Freud e Alan Kardec, teve um novo surto, talvez o pior de todos de sua vida, tentando jogar se ao mar gritando por socorro e amordaçado por militares a mando de Deodoro. Antes mesmo de chegar a Portugal, Dom Pedro sofre outra dura prova: o desencarne de Dona Teresa Cristina, sua amada esposa. Como em todas as provas de sua encarnação, Dom Pedro II enfrenta tudo com resignação: o espírito Longinus sabia da necessidade de todos os acontecimentos ocorridos em sua vida terrena e seu plano encarnatório é completado conforme os desígnios de Jesus e de Deus. Suas últimas palavras foram: “Deus que me conceda esses últimos desejos—Paz e Prosperidade para o Brasil!”
O Segundo Reinado tem sido referência de prosperidade no Brasil e, diante dos acontecimentos da atualidade, os brasileiros têm a impressão que ao invés de evoluir o país regrediu, principalmente diante da crise política, econômica e social que vivenciam. Os brasileiros, porém, não podem esquecer dois argumentos: o primeiro, toda regeneração por que passa o planeta e que logicamente inclui o Brasil precisa chegar ao “fundo do poço” para que qual fênix possa ressurgir das cinzas para reiniciar sua história evolutiva, transformando esta Terra/terra num mundo em que predomina o amor em toda a sua plenitude. O segundo e mais importante argumento que deve mover os brasileiros no sentido de buscarem a consolidação de um país calcado no amor, é a determinação e a promessa do Mestre, com a nossa atuação e a dos espíritos superiores da equipe de Ismael, de que o Brasil é o coração do mundo e a pátria do evangelho, não porque isso foi dito por um guia italiano diante do túmulo de Kardec, mas pelas próprias palavras de Jesus:
Mãos erguidas para o Alto, como se invocasse a bênção de seu Pai para todos os elementos daquele solo extraordinário e opulento, exclama então Jesus:
— Para esta terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e de amor. No seu solo dadivoso e fertilíssimo, todos os povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade universal. Sob estes céus serão entoados os hosanas mais ternos à misericórdia do Pai Celestial. Tu, Helil, te corporificarás na Terra, no seio do povo mais pobre e mais trabalhador do Ocidente; instituirás um roteiro de coragem, para que sejam transpostas as imensidades desses oceanos perigosos e solitários, que separam o velho do novo mundo. Instalaremos aqui uma tenda de trabalho para a nação mais humilde da Europa, glorificando os seus esforços na oficina de Deus. Aproveitaremos o elemento simples de bondade, o coração fraternal dos habitantes destas terras novas, e, mais tarde, ordenarei a reencarnação de muitos Espíritos já purificados no sentimento da humildade e da mansidão, entre as raças oprimidas e sofredoras das regiões africanas, para formarmos o pedestal de solidariedade do povo fraterno que aqui florescerá, no futuro, a fim de exaltar o meu Evangelho, nos séculos gloriosos do porvir. Aqui, Helil, sob a luz misericordiosa das estrelas da cruz, ficará localizado o coração do mundo! Página 74
Façamos a nossa parte. Ajudemo-nos para que os céus nos ajudem!.
ROSA MARIA M. BELOTO
Bibliografia:
XAVIER, Chico & CAMPOS, Humberto. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Versão digital Equipe Luz Espírita . © 2011, disponível em < www.luzespirita.or.br> em 20 de agosto de 2018.
© Equipe Pedro II do Brasil, disponível em
< © https://www.facebook.com/PedroIIBrasil/ > em 20 de agosto de 2018.